O escritor peruano Mario Vargas Llosa, Prêmio Nobel de Literatura de 2010, teme que o impacto do livro digital possa causar uma banalização da literatura, afirmou nesta quinta-feira (15) o próprio escritor, numa palestra em Porto Alegre.
"É uma realidade que não pode ser detida. Meu temor é que o livro eletrônico provoque uma certa banalização da literatura, como ocorreu com a televisão, que é uma maravilhosa criação tecnológica, que, com o objetivo de chegar ao maior número de pessoas, banalizou seus conteúdos", argumentou.
Vargas Llosa participou hoje do ciclo de conferências "Fronteiras do pensamento" na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Em sua palestra a professores e estudantes, o escritor admitiu que os formatos eletrônicos já são uma realidade e começam a suplantar o tradicional livro de papel, que, se não desaparecer, tende a ficar relegado a segundo plano.
A preservação da qualidade cultivada no formato de papel, destacou o escritor, está relacionada com o que diferencia a cultura da ciência.
Para Vargas Llosa, a ciência progride rompendo com o velho e obsoleto, enquanto as letras e as artes não se desenvolvem, só se renovam.
Segundo o escritor, elas não aniquilam seu passado. "Na literatura, [Miguel de] Cervantes é tão atual como [Jorge Luis] Borges. A obra artística não morre com o tempo. Segue vivendo e enriquecendo as novas gerações".
O autor de "Travessuras da Menina Má" (2006), no entanto, disse que serão os leitores os responsáveis para que a banalização da literatura não ocorra.
"Temos de impor ao livro eletrônico a riqueza de conteúdo que teve o livro de papel. A pergunta é se realmente queremos isso", questionou.
Apesar da advertência, Vargas Llosa declarou que não se considera "anacrônico" e ressaltou as virtudes das novas tecnologias, que tornam mais difícil o controle da informação por parte de alguns poucos.
Sobre seu livro mais recente lançado no Brasil, "Sabres e Utopias", que traz uma recopilação de artigos escritos ao longo de sua trajetória como jornalista e escritor, o autor comentou a evolução política da América Latina.
"A maior mudança é que, quando era jovem, a América Latina era cheia de ditaduras. Hoje, temos muitas democracias. Temos um grande consenso na América Latina a favor da democracia como um marco de onde devemos viver", opinou.
Na minha opinião podem surgir livros digitais que banalizem a literatura, porém creio que eles não alcançarão o sucesso que o livro tradicional ou mesmo os digitais bem feitos alcançarem. Os leitores que apreciam a literatura com certeza não deixarão que isso aconteça pois tem intelecto suficiente para separar o que vale a pena ler. Os livros digitais vieram para facilitar fazendo com que mais pessoas possam ter acesso a leitura. E é claro ajudar um pouco o meio ambiente, evitando o uso do papel.
Depois que criaram o Kindle e recentemente o iPad o livro impesso na minha opinião tem mais é que ser extinto mesmo.
ResponderExcluirResta criar um gadget realmente melhor e mais prático, que consuma pouca energia, funcione em ambientes claros, seja leve e confortável.
Além disso falta um serviço que seja universalmente aceito para distribuição de conteúdo que não viole os direitos autorais dos autores e que não escravise o leitor.
[Júnio]